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Foto do escritorAna Paula Psicóloga

A espiritualidade e autocuidado com a saúde emocional


Como falar de um assunto tão complexo e o autocuidado?

Proponho de conversar com você, leitor, de uma maneira que venha a contribuir com a sua vida.

Cada ser humano é trino: alguns estudiosos afirmam que nosso ser envolve alma, corpo e espírito. Ou seja, o ser humano busca conhecer também e desenvolver a espiritualidade.


Podemos ver em nosso contexto cotidiano, a variedade de ações que envolve a religião: várias denominações, músicas, sermões etc. Faz parte do viver. Neste tempo de pandemia, as pessoas de várias religiões se uniram para contribuir com carinho através de oração, de doações, de palavras para ajudar alguém. Várias revistas cientificas e artigos estão sendo publicados sobre a conectividade da espiritualidade como auxílio neste tempo de pandemia.


Entretanto, quero focar um aspecto significativo que vejo que a cada ano tem aumentado no ambiente religioso: a ausência do cuidado emocional.


Quero que você pare um pouco e pense nos dois últimos anos de quantas pessoas no ambiente religioso você ouviu:

- A líder ou líder cometeu suicídio.

- A fulana ou fulano cuida de todos e está com depressão. Como?


Segundo estudos da União das Faculdades Católicas de Mato Grosso(UNIFACC-MT), divulgado em 2019, houve um aumento significativo de adoecimento de líderes religiosos. É triste, mas compreensível, algumas pessoas deixam de expressar seus sentimentos, porque precisam sempre mostrar ao mundo que dão conta de tudo e as vezes de uma maneira inconsciente acabam esquecendo da sua singularidade. Líderes são cuidadores de outras vidas, mas também são humanos, precisamos olhar para a singularidade de ser humano, erramos, amamos, nos alegramos, ficamos irritado, temos dor, sentimentos etc.


Você sabia que as pessoas que cuidam de outros tem a tendência de desenvolver a Síndrome de Burnout? Segundo o Doutor Dráuzio Varella, a síndrome de Burnout caracteriza-se pelo estado de tensão emocional e estresse crônicos provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente empessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.

Diante da minha vivência em atendimentos nesta temática, percebo que algumas pessoas acabam deixando de lado o equilíbrio, ou seja, cuidam do outro ultrapassando o limite quando acabam esquecendo de si e sua família, causando problemas na comunicação e relação familiar, pois o(a) cônjuge e os filhos aguardam e pedem a presença, e não a tem.


Vale ressaltar que todo ser humano está sujeito a ter falhas como o esquecer de si. Nos últimos anos a população no mundo anda correndo, não tendo tempo para nada, entretanto, com a pandemia está sendo o tempo de rever atitudes e quebrar paradigmas em várias situações.


Pense: é comum você ver: pais que trabalham muito com as melhores das intenções, procuram prover todas as coisas para seus filhos e esquecem de si; pessoas agindo grosseiramente em casa, irritado(a) e na igreja é passivo, acolhedor; profissionais de saúde e aqueles que estão de frente com a batalhado Covid19 (gratidão pela atitude!) se desgastando; líderes religiosos que algumas vezes até acabam esquecendo de sua família para cuidar de outros?


Tenho a convicção que você já ouviu ou viu situações como essas e outras. Porém, quero destacar:


O problema está na falta de EQUILÍBRIO. Não podemos nos esconder ao cuidar do outro e esquecer de nós.

Cultivar a espiritualidade e autocuidado emocional e corporal fazem parte do desenvolvimento da qualidade de vida.


Pense em sua vida e observe os últimos meses: você está conseguindo desenvolver o equilíbrio? Qual é a área que você tem dado mais atenção e esquecido de você? O que você gosta e faz? O que você gosta de fazer e não faz?


São perguntas simples, entretanto nos levam a refletir se temos cuidado das pequenas coisas que auxiliam a conquistar a saúde emocional.


Uma das coisas que auxiliam a vida do ser humano a diminuir o estresse, e a combater a Síndrome de Burnout é justamente isso, cultivar e desenvolver os talentos, aptidões e ter autocuidado contínuo.

É tempo de reaprender a desenvolver o equilíbrio e a qualidade de vida!

Ao citar a palavra qualidade de vida, precisamos lembrar o que significa o estresse. Lipp (2003), psicóloga que atualmente é uma das referências nestes temas, demonstra que o estresse é um complexo processo do organismo, inter-relacionando os aspectos bioquímicos, físicos e psicológicos desencadeados pela maneira que os estímulos externos e internos, os chamados fatores estressores, são percebidos e interpretados pelo indivíduo, causando um desequilíbrio na homeostase interna, o que exige uma resposta de adaptação do organismo para preservar a integridade da própria vida.


Olhar para as situações que geram estresse é também necessário, porque um estresse pode evoluir para os sintomas da Síndrome de Burnout. Alguns estudos apresentam como sintomas:

  • ansiedade excessiva,

  • irritabilidade,

  • desânimo profundo,

  • sobrecarga de atividades,

  • conflitos,

  • exaustão,

  • problemas de enxaqueca,

  • dores no corpo,

  • problemas cardiovasculares e gástricos,

  • falta de motivação,

  • esgotamento emocional,

  • perda do apreciar dos pequenos detalhes,

  • viver somente no automático,

  • alterações no sono,

  • perda da criatividade, entre outros.


Pois esses sintomas também relacionam à ansiedade e sintomas depressivos, entretanto com mais força.


Agora, proponho que você faça o seguinte exercício:


Olhe novamente para cada sintoma e dê uma nota sendo 0 a 10 para cada um, sendo 0 para nenhum desconforto e 10 muito desconforto. Fique atento(a): se você preencheu mais de três itens com nota maior que 5, cuide-se urgente!


Logo, é preciso olhar para dentro, romper paradigmas também sobre o autocuidado. Não é vergonha mostrar que não está bem. Alguns líderes, pessoas religiosas apresentam dificuldade de buscar ajuda de profissionais da saúde como psiquiatra e psicólogos. É tempo de romper e desenvolver o autocuidado e o autoconhecimento para potencializar a inteligência emocional e o bem-estar. Ao desenvolver essas ações junto com o cuidado com a espiritualidade potencializará o bem-estar pleno.

A psicoterapia visa contribuir para estimular esse autocuidado, auxiliar a estimular seu cérebro e corpo a desenvolver novos hábitos para você conquistar o bem-estar.


Pequenas atitudes contribuirão para o seu desenvolvimento: aprender a dizer não, delegar, reconhecer seus limites, cuidado com alimentação, atividade física, sair do ciclo automático, aprender a separar tempo de qualidade para você, relacionar-se com cuidado neste tempo de pandemia, amar, cultivar os relacionamentos familiares saudáveis, entre outras ações.


Enfim, ações diárias de autocuidado emocional e físico e a espiritualidade contribuem para a qualidade de vida, mas quando se foca apenas em uma área e se esquece das demais pode causar danos para a saúde física e emocional, e conflitos familiares, profissionais e outros. Cuide-se e permita-se ser cuidado, assim amenizaremos quadros de sintomas depressivos, ansiedade e a Síndrome de Burnout no contexto da espiritualidade. Você pode fazer a diferença! Somos diamantes lapidados a cada dia para brilhar mais.


Conte-me se este texto contribuiu para suas reflexões, enviando uma mensagem no Instagram ou por e-mail.


Até logo!




Referências:

https://unifacc.com.br/sindrome-de-burnout-entre-lideres-religiosos-e-discutida-por-pesquisadores-2/

https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/sindrome-de-burnout-esgotamento-profissional/

https://cpaj.mackenzie.br/o-pastor-e-a-sindrome-de-burnout/

Lipp, M. E. N. Mecanismos neuropsicológicos do stress: teoria e aplicações clínicas. São Paulo: 2003. Casa do Psicólogo.



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